Visão Geral
Ao longo de décadas, a manufatura tem sido concentrada em poucos países. A Ásia concentra 53% da produção mundial (China com 26% e Japão com 7%); Na Europa, somente a Alemanha detém 5% da produção global. Nas Américas, por sua vez, os Estados Unidos possuem 16% de toda a produção da cadeia global (UNSTATS, 2021).
Com a crise econômica mundial resultante da COVID-19, essa assimetria na produção manufatureira global foi mais intensamente questionada, em função de rupturas nas cadeias produtivas. Diferentes países estão discutindo novas possibilidades de estruturação de suas cadeias produtivas internas e participação na cadeia global.
Este movimento engloba desde a necessidade de novas políticas tecnológicas e industriais para os países à transformação digital nas organizações, nas chamadas indústrias 4.0. Para nações como o Brasil, estas questões podem representar janelas de oportunidades ao utilizar tecnologias emergentes para dar saltos de competitividade e criação de novos modelos de negócio.
Tendo em vista a grande assimetria de acesso à informação no setor industrial, principalmente em pequenas e médias empresas, a exploração de novos modelos de negócio poderia ser um diferencial competitivo importante para o país.
Situação atual das tecnologias 4.0
Empresas estudam novas tendências relacionadas às mudanças nas cadeias produtivas globais, no modelo de hubs locais de manufatura, como uma maneira de estarem mais próximas aos mercados consumidores.
As indústrias de manufatura líderes têm explorado diversas oportunidades de inovação em modelos de negócio, como o uso de plataformas digitais, oferta de serviços (assinatura, licenciamento, receita recorrente, etc.), impressão 3D como serviço, dentre outros.
Em pesquisa recente no país, cerca de 64% dos executivos entrevistados, pertencentes a grandes manufaturas, apontaram que a Indústria 4.0 está na lista de prioridades de seus comitês executivos. Além disso, percebe-se mudanças nos papéis das áreas e funções organizacionais, nas quais a área de TI já está presente em 79% das discussões e definições estratégicas na manufatura (KPMG, 2021).
As empresas têm usado tecnologia para otimizar seus processos produtivos e de suas cadeias de suprimento. No entanto, as empresas mais inovadoras do mundo estão começando a utilizar seus investimentos em tecnologia para repensarem seus modelos de negócio. Esta mudança está sendo impulsionada por 3 forças (World Economic Forum, 2022):
- Novas necessidades dos consumidores e mudanças constantes na demanda;
- Mudança climática e imperativo de redução de emissão de gases de efeito estufa;
- Transformação digital para inovação.
O exemplo mais comum de inovação em modelo de negócio são os marketplaces ou plataformas de conexão, muito comuns no setor de comércio (Amazon, Mercado Livre) e serviços (Getninjas, Netflix, etc.). No entanto, a exploração destas plataformas ainda é nascente no setor de manufatura, mas as oportunidades são imensas e já existem casos de sucesso em outros países.
Desafios
- O Brasil historicamente possui um parque industrial que tem perdido espaço. Na última década, o Brasil teve uma perda de cerca de 67% na sua participação na manufatura global, atingindo a mesma participação da década de 1970.
- Dificuldade em modernizar e digitalizar suas instalações para aproveitar este cenário de mudanças. Para melhorar sua competitividade, é necessário, dentre outros fatores, a intensificação da utilização de tecnologias emergentes para o controle e execução de sua produção industrial e para gerar novos modelos de negócio
- Escassez de orçamento e financiamentos específicos para a digitalização e o desenvolvimento de estratégia de manufatura inteligente e inovação em modelos de negócio
- O foco das políticas de ciência, tecnologia e inovação tem sido no desenvolvimento das tecnologias e não inovação em modelos de negócio, que apresenta mais risco mercadológico do que tecnológico.
Resultados
Implementação do projeto SIRI – Smart Industry Radiness Index, em parceria com o SENAI Nacional
O SIRI é um conjunto de frameworks e ferramentas para ajudar empresas industriais –
independentemente do tamanho ou setor – a planejar, iniciar, dimensionar e sustentar suas jornadas de transformação digital. A iniciativa foi desenvolvida em Singapura e depois escalada para mais de 30 países em uma parceria com o Fórum Econômico Mundial.
Devido à automatização de processos, o consultor realiza o planejamento completo de transformação digital em no máximo 1,5 dias, além de ter dados comparáveis com empresas e setores de outros países.
Criação de uma proposta de política pública para inovação em modelos de negócio no setor industrial
O C4IR Brasil acompanhará projetos reais de inovação em modelos de negócio e em seguida desenhará mecanismos de política pública para impulsionar este tipo de inovação no país.