C4IR Brasil recebe visita do fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial

Klaus Schwab esteve na sede do escritório em São Paulo
06/06/2023 // Redação

O Centro para a Quarta Revolução Industrial do Brasil (C4IR Brasil) recebeu a visita do fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial (FEM), Klaus Schwab, na sede do escritório em São Paulo.

“É muito importante para o Brasil, enquanto país emergente, com grande potencial, ser um país de ponta no uso da aplicação de tecnologias. Agradeço a parceria de todos os envolvidos na composição do C4IR Brasil, um exemplo do que nós pretendemos fazer: ações de cooperação público-privada, que é a base da formação do Fórum Econômico Mundial”, enfatizou Schwab na abertura do encontro.

Após a fala inicial do professor Schwab, o presidente do conselho do C4IR Brasil, Igor Calvet, também presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), falou sobre o comprometimento das empresas brasileiras com as mudanças e avanços do mercado brasileiro em relação a aplicação de novas tecnologias. “A indústria brasileira, o varejo, a agricultura e os diferentes setores precisam das novas soluções tecnológicas e da cooperação que a rede global do Centro está trazendo para o Brasil. E nós temos orgulho de fazer parte desse time e ser parceiro dessa rede global”. 

Para o diretor-executivo do C4IR Brasil, “saber balancear os riscos e as oportunidades que surgem com as novas tecnologias e, assim, ser agente para apoiar empresas, governos e a sociedade, foi a principal mensagem que o professor Klaus Schwab nos trouxe”, ressaltou Marcos Vinícius de Souza.

O professor Klaus Schwab foi recebido por toda a equipe que compõe o Centro no Brasil e pelos representantes dos membros-fundadores: Igor Calvet, presidente do Conselho do C4IR Brasil e presidente da ABDI; Vahan Agopyan, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo de São Paulo; Liede Belutti, presidente do Instituto de Pesquisa Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT); Mário Korian, diretor de Tecnologia da Informação e Inovação da AstraZeneca Brasil; Jorge Leonel, diretor de Desenvolvimento de Negócios e Estratégias da Qualcomm; Rafael Fassio, Procurador do governo de São Paulo; Jefferson Gomes, diretor de Tecnologia e Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Wanderley Mariz, diretor de Políticas Públicas da Meta.

Leia abaixo os principais momentos do encontro dos integrantes do C4IR Brasil com o professor Klaus Schwab:

Criação da rede global do C4IR

Klaus Schwab: sou engenheiro mecânico e estou sempre curioso e atento às inovações da área. Em 2016, escrevi um livro sobre a Quarta Revolução Industrial e descrevi 23 tecnologias. Na época, parecia que escrevia algo sobre ficção científica e, no entanto, essas tecnologias se tornaram uma rápida realidade. Senti que o mundo não está suficientemente preparado para absorver essas tecnologias e é muito importante que elas não sejam somente absorvidas por países que lideram o desenvolvimento de novas tecnologias, mas que esse conhecimento seja disseminado em todo o mundo. A partir dessa ideia, surgiu o Centro para a Quarta Revolução Industrial. Recentemente, inauguramos o 18º Centro, na Malásia. Em breve, será inaugurado o 19º Centro, no Catar. Nossa meta é ter 25 Centros até o final do ano.  Atualmente, nós temos 118 organizações que apoiam a rede global do C4IR.

Projetos e parcerias:

Klaus Schwab: Estamos construindo junto com a Microsoft e a Accenture o que chamamos de uma vila de colaboração global, uma tentativa de intensificar a parceria para cooperação global na disseminação de novas tecnologias. É uma forma de pegar a ideia de Davos, que já é uma vila de cooperação global, e colocar dentro do metaverso para combinar iniciativas de inteligência artificial. Um elemento que identificamos que ainda está faltando é como nós criamos experiências imersivas que tenham custo menor.

Inteligência Artificial (IA)

Klaus Schwab: Precisamos trabalhar para que governos saibam e conheçam sobre os efeitos da inteligência artificial. Nós estamos comprometidos com isso agora.

Há alguns dias reunimos no Centro de São Francisco lideranças de empresas como o Google, Microsoft para discutir os desafios e as oportunidades das novas tecnologias, que provavelmente serão as tendências da Quarta Revolução Industrial, e sofrerão outras mudanças principalmente combinadas com computação quântica.   

Estamos também trabalhando no reforço da diferença que existe entre cada centro (em relação ao avanço tecnológico), e estamos buscando meios de experiências de colaboração e de conhecimento. Cada Centro tem uma especialidade e queremos promover essa integração e troca de conhecimento entre os membros.

Network global

Klaus Schwab: Quando eu olhar para trás, a coisa mais importante que fiz foi a criação desses centros de relacionamento e cooperação global.

Estamos vivenciando um novo momento de aproximação entre os governos mundiais, estamos em um mundo multicultural e de crescimento acelerado. O relacionamento entre países-chave, a certeza de que estamos trabalhando juntos, e em todas as áreas, não somente para a quarta revolução industrial, será a forma de cooperação do futuro.

Novas tecnologias

Klaus Schwab: A aplicação de novas tecnologias é sempre um desafio para as empresas, considerando as incertezas e os riscos que um novo recurso pode trazer ao negócio, desde a própria tecnologia na qual não há certeza de funcionamento ao desenvolvimento de habilidades das pessoas envolvidas. Precisamos pensar, por exemplo, em quais habilidades precisam ser desenvolvidas para o uso de inteligência artificial no Brasil?

Estamos lidando, agora, com a quarta revolução industrial e temos que enfrentar uma certa quantidade de incertezas, não somente nos negócios, mas no impacto que elas terão na sociedade também. É necessário explicar aos cidadãos o que essa revolução tecnológica significa, porque ela é complexa, rápida, interconectada. Se isso não ficar claro, corremos o risco de desenvolver uma atitude negativa e hostil da parte dos cidadãos. Isso é uma dimensão política muito importante. Acredito que o governo deve investir esforços para explicar à população sobre as novas tecnologias e o que está acontecendo, explicar o que é um negócio. 

Devemos dialogar com os diferentes interessados: integrar com os jovens, com as universidades; e falar sobre os diferentes aspectos das novas tecnologias, não somente das tecnologias em si mesmas, mas abordar um conjunto de aspectos que envolvem a tecnologia. A imprensa é uma importante parte nisso, nesse desafio de se comunicar com os interessados.

Cooperação público-privada

Klaus Schwab: O rápido desenvolvimento de novas tecnologias que estamos vivenciando, que eu chamo de profundas e sistêmicas mudanças da estrutura da indústria, precisa de constante diálogo entre empresas e governos. Os países mais desenvolvidos têm uma estrutura de estreita cooperação entre empresas e governos. Não somente por meio de encontros esporádicos, mas ações concretas de cooperação para moldar o futuro da economia.

Eu diria que o sucesso econômico de uma sociedade depende da cooperação entre o público e privado. As instituições públicas também estão cientes de que atingirão os objetivos se investirem em inovação. 

O que devemos ressaltar nesse processo é que as novas tecnologias, como inteligência artificial, não impactarão somente na indústria, mas em todos os tipos de modelo de negócio de todos os países. Essa é a diferença da quarta revolução industrial em comparação com as passadas. que as empresas estejam atentas a isso e adotem rapidamente a transformação digital. Por exemplo, para impulsionar as startups é essencial a cooperação público-privada. 

Solução de desafios

Klaus Schwab:  Precisamos trabalhar no nosso processo de formação do pensamento: na maioria das vezes, procuramos soluções simples para problemas complexos. É necessário o desenvolvimento de um pensamento sistemático para a solução de problemas complexos. Temos 28 projetos em desenvolvimento e eles são interconectados. Não é somente como lidamos com as indústrias, mas como garantimos que pessoas e governos entendem a relevância do sistema como um todo. Como mover a balança dos problemas em uma direção rápida e harmoniosa. 

O que é legal e interessante em nossos Centros é justamente pensar no problema! Nem sempre temos as respostas, mas em razão de encontrar uma resposta devemos levantar uma pergunta.